Nas últimas semanas, notícias de que teria tido surtos de agressividade nos estúdios de "Malhação" pegaram Thaila Ayala de surpresa. Dona de temperamento forte, a atriz, que encara seu primeiro personagem grande na televisão, confirma que se sentiu insegura nos primeiros meses de gravação, mas que já superou o medo inicial. E revela, com exclusividade ao EGO, que se sentia cobrada por namorar o diretor da trama, Ricardo Waddington. De namorado novo - o seu empresário Ike Cruz, da Actors & Arts -, a atriz de 21 anos, que foi casada dos 17 aos 20, diz ter virado a página e estar vivendo uma fase de calmaria. "Só não sei fazer média com ninguém", avisa. Bem resolvida, Thaila topou a proposta do EGO e posou para fotos no melhor estilo estrela-fugindo-dos-paparazzi. "Já sei: vocês querem que eu pareça bem antipática, né?", se divertiu, enquanto fazia muitas caras e bocas.

01. Você parece determinada: saiu de casa aos 13 anos, morou em vários países. Sempre foi assim?

Eu sou a teimosia em pessoa. Minha personalidade é forte, sou do tipo 8 ou 80. Tenho na minha mãe um exemplo de luta. Um dia, meu pai se separou dela e minha mãe ficou completamente perdida. Ela trabalhava de manhã, de tarde, de madrugada. Queria ter sucesso em qualquer coisa que eu fizesse só para dar orgulho para ela.

02.	E como ficou sua relação com o seu pai?

Eu era o xodó dele. Há três anos meu pai se matou. Ele passou por problemas financeiros, não conseguiu sair do 'buraco', se pendurou numa árvore e se enforcou. Mas a história também pode não ser essa porque ele devia muita gente. Meu pai estava em um sítio de uma namorada de 21 aninhos, que já tinha roubado ele e a família dela era toda de ex sem terra. Quando chegaram no local onde ele morreu, seu corpo já havia sido retirado e não foi feita autópsia. Fui para Presidente Prudente (interior de São Paulo), paguei para ele ser enterrado e joguei para Deus. Rezo muito e o meu pai me ajuda constantemente. Noutro dia precisava chorar em uma cena, coloquei aquela música do Fábio Júnior, ‘Pai’, peguei uma foto e chorei que foi uma maravilha.

03.	Mas você fala isso de maneira calma, tão serena. Precisou fazer terapia para lidar com essa perda?

Fiz muita terapia e criei um bloqueio. Falo como se estivesse contando uma história de Cinderela ou da Bela e a Fera. Não entro no sentimento.

04.	Por isso parece tão madura para os seus 21 anos...

Eu realmente já passei por muita coisa. Pouca gente sabe, mas eu fui casada dos 17 anos até os 20. Já quando eu resolvi ir para São Paulo, com 13 anos, nunca tive grana para me sustentar e fui escondida. Fui morar de favor, passei fome, peguei dinheiro escondido com a minha tia, mas não voltei para casa. Também sofri muito por causa da avó que ajudou a me criar. Ela morreu de câncer no cérebro há um ano. (Thaila fica emocionada) Comecei a perceber aí que a gente não é nada.

05.	Sair de casa, o casamento precoce... Você costuma mesmo mergulhar de cabeça nas coisas, não é?

"Malhação" é exemplo disso. Dei entrevista para um veículo de grande circulação, onde falei que tinha feito participação no programa em 2006 e por isso achei que não ia fazer a protagonista. Daí colocaram assim: 'Ela achou que ia fracassar e foi fazer o texto ‘nem aí’'. Quem estuda na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras, escola de teatro no Rio) e leu isso deve ter dito: ‘Nossa como esse mundo é injusto’. Na hora em que fiz o teste estava pensando mais em ser indicada para outra coisa porque tinha certeza de que "Malhação" eu não ia fazer. Estudei muito e fui muito tranqüila. Acabou dando certo.

06.	Então, por se cobrar tanto, fica tensa na hora de gravar?

Me acho muito mais madura do que a Marcela (personagem que interpreta em Malhação). Achava que não ia conseguir fazer uma menina de 15 anos. Quando eu tinha 15, tive o meu primeiro namorado que tinha 38. Não consigo nem conversar com um garoto.

07.	Mas circularam umas notícias de que você chega a ficar agressiva porque não consegue se concentrar em cena...

Meu primeiro mês em "Malhação" foi muito estressante porque nunca tive uma rotina. Mas não tinha nada a ver com ninguém. Eu é que me cobrava. Esse episódio que saiu na mídia realmente aconteceu, mas porque tive que repetir uma cena 21 vezes. Tivemos que parar muitas vezes, aí saiu um palavrão. Quem faz "Malhação" sabe que aquilo ali é uma família e, hoje, eu posso dizer que sou uma das filhas mais queridas. Hoje sou completamente outra pessoa.

08.	Dizem que você não faz questão de ser simpática com ninguém.

Falo com todo mundo, mas só não sou puxa saco. Se eu gosto de uma pessoa, eu gosto. Se não, só falo 'oi' e 'bom final de semana'. Quem não me conhece realmente acha que sou antipática. Hoje brinco com todo mundo ali dentro. O único problema que tenho é com a produção que, às vezes, me deixa esperando horas pelo motorista e eu fico dando chilique (risos).

09.	Não acha que muito dessa imagem de antipática é por ter namorado o Ricardo Waddington, diretor de 'Malhação'?

Com certeza. Quando comecei a namorar o Ricardo vieram me falar: ‘Ninguém vai poder falar que você está dando chilique porque é namorada do patrão. Você já deu todos’ (risos). Mas teve todos esses preconceitos de gente que ainda não me conhecia bem achar que eu era só a namorada do diretor.

10.	E que conseguiu o emprego por causa dele?

Disso eu até larguei mão. No começo, tinha gente da outra produção que vinha falar para amiga minha: 'estou sabendo que a primeira dama está lá dando chilique'. Mas os produtores de elenco, o pessoal da Oficina da Globo, a direção, todos sabem que isso é maldade dos outros. De repente, de quem queria estar no seu lugar.

11.	Não lida bem com as críticas?

Muitas vezes, acho injusto. Chegou a ter um momento que eu não conseguia nem mais ter interesse em assistir "Malhação". Tinha cobrança do namorado (Ricardo), de todo mundo ficar olhando para você para ver se era boa ou se estava ali somente porque namora Fulano. Hoje, eu estou muito feliz e tranqüila porque estou fazendo um bom trabalho aos olhos de quem realmente me interessa.

12.	Você já foi apontada como a namorada do diretor e agora namora o seu empresário. Não ficou com receio de ser rotulada como oportunista?

Já estava pensando em mudar de empresário porque queria um acompanhamento maior no Rio. Não posso negar que o fato de estar namorando o Ike (Cruz) ajudou nesse processo, mas sempre o achei um baita empresário. Não queria misturar as coisas porque na época que namorava o Ricardo, falavam que entrei na novela por causa dele. Passei a não ligar mais para isso e se for ‘a queridinha’, ótimo.

13.	O Rômulo Arantes Neto também já foi apontado como seu affair. Como vê esse caso em que ele se envolveu, de agressão a uma prostituta?

Surgiram boatos de que a gente ficou junto, mas é mentira. Ele também perdeu o pai, a gente tem uma super afinidade. Quando soube do caso, até pensei que não era verdade. A gente se encontrou, ele me abraçou, chorou e eu disse que faria qualquer coisa por ele. No começo, ele teve essa preocupação de como iria lidar ali dentro (Projac). Ele ficou arrasado, ficava com a cabeça baixa. Mas quando foi tudo explicado foi uma gozação só. Ele pensou: 'que m... que eu fiz?' Ficou sem graça com as brincadeiras porque os moleques vão pegar no pé a vida inteira, né?

14.	Você já declarou que tem muita vontade de ser mãe. Como foi ter que fazer uma cirurgia no ovário?

Na verdade, fiz duas cirurgias no ovário. Tinha acabado de menstruar quando fiz a minha primeira cirurgia para retirar um cisto. Foi praticamente uma cesárea. Esse ano, o meu personagem teve que entrar em coma porque tive um problema nas trompas. Ficou tudo bem, mas eu chorava muito quando descobri, porque fiquei com medo de não poder ter um filho. Saí da cirurgia decidida a ter um. Por mim, aliás, já teria tido.

15.	E por que ainda não teve?

Porque sou consciente de que ainda não é a hora. Mas topava fazer uma produção independente. Por outro lado, como tive pais separados, sei que isso realmente prejudica a criança. Desejo muito ter meu cachorro, meu filho, minha casa, meu marido. Quero ter dois filhos e adotar mais dois.

16.	Então sonha ter um casamento tradicional?

No meu primeiro casamento, ou eu fazia uma festa ou comprava um apartamento. Quero casar, quero me vestir de noiva, de véu e grinalda, entrar na igreja com a marcha nupcial e chorar muito.


Fonte: Ego